As mobilizações de Junho de 2013 significaram um acúmulo importantíssimo para os rumos das lutas da classe trabalhadora e da juventude. As eleições deste ano, principalmente o segundo turno, não podem representar um desfecho das Jornadas de Junho, como os políticos do governo ou da oposição de direita tentam passar ao povo.
Uma parcela ampla da classe trabalhadora gaúcha não votou no PT no primeiro turno e nem votará no segundo. Não podemos negar isso e é preciso entender o significado deste repúdio. Seria esta uma onda reacionária contra o governo Tarso? Em nossa opinião não, o significado deste descontentamento foi um governo que continuou voltado para os ricos e por conseqüência, não trouxe mudanças significativas para os trabalhadores e para a juventude do Rio Grande do Sul. Além disso, a outra candidatura com um esteriótipo mais reacionário, Ana Amélia (senadora do PP), mais ligada aos latifundiários e à Rede Globo enfraqueceu-se bastante durante a campanha dando espaço para Ivo Sartori (PMDB), o que para nós mostra uma votação de descontentamento com o PT e não uma onda reacionária.
Assim como os anteriores, foi um governo dedicado a satisfazer os interesses dos grandes empresários, sob a forma de incentivos fiscais e subsídios, e de continuar a pagar a dívida do estado com a União e com os bancos, que hoje já está em 50,4 bilhões e não para de crescer. Para se investir de fato em educação, saúde, habitação, geração de empregos com um plano de obras públicas, cultura e lazer exigiria em primeiro lugar uma saída socialista para atender os anseios da população: a suspensão do pagamento da dívida, conforme defendeu a Frente de Esquerda PSOL/PSTU, representada por Roberto Robaina, que é da mesma corrente política de Luciana Genro.
O governo Tarso teve outra grave postura que, para um debate entre nós lutadores, não pode passar despercebido: se enfrentou com as principais mobilizações de trabalhadores do estado.
A luta pelo piso nacional do magistério é uma importante reivindicação dos trabalhadores em educação, que lutaram durante os últimos anos por um direito básico, que é lei e qualquer governante minimamente comprometido com os trabalhadores e com a educação pública deveria cumprir.
O governo do PT não atendeu a principal reivindicação dos professores. Os trabalhadores em educação só alcançarão o Piso Nacional intensificando sua luta e enfraquecendo estes dois governos que representam um mesmo projeto.
Outro fato categórico foi a repressão às manifestações e perseguição de ativistas através da sua polícia militar durante as Jornadas de Junho. A polícia utilizou um arsenal para bater em manifestantes, tratando o povo que foi às ruas como se fossem criminosos.
E agora, mesmo durante a campanha, o governo ignorou a greve dos trabalhadores do Banrisul por melhores salários e por um plano de carreira. Os trabalhadores do Banrisul possuem um dos mais baixos salários entre os bancos públicos do Brasil e o governo se negou a negociar com a categoria.
APOIAR TARSO GENRO NO SEGUNDO TURNO ENFRAQUECE O CAMPO SOCIALISTA
Na última quarta-feira, Luciana Genro declarou apoio à Tarso no segundo turno. Entendemos que é um equívoco, uma vez que só fortalece a pressão de votar no “menos pior”. Achamos errado educar uma geração de ativistas, lutadores ou simplesmente simpatizantes da idéia de construir uma sociedade socialista em votar em uma candidatura oposta ao programa que o próprio PSOL defendeu corretamente com a candidatura de Roberto Robaina no estado e de Luciana Genro para presidenta.
Sabemos que Sartori será mais um “administrador” da ordem vigente, seguirá governando para a minoria da população que são os ricos. Assim como os que o antecederam, continuará atacando a classe trabalhadora e a juventude. Mas perguntamos aos companheiros do PSOL: E a reeleição de Tarso? Significará algum avanço para os socialistas? O governo do PT suspenderá o pagamento da dívida, que foi o principal ponto do programa da Frente de Esquerda no estado? Caso Tarso ou Dilma vençam as eleições, como a bancada do PSOL fará oposição de esquerda a um governo, que além de alimentar expectativas, ajudou a eleger?
Uma parcela ampla da classe trabalhadora do Rio Grande do Sul fez uma experiência avançada com o projeto do PT e o voto em Sartori trata-se de um movimento de desaprovação dos rumos que o partido tomou ao longo dos últimos anos. Por isso, em nossa opinião, hoje mais do que nunca, deve estar colocada a tarefa de construir um projeto socialista e o PSOL, pelo programa que levou nas últimas eleições com suas candidaturas, tem uma séria responsabilidade em firmar um pólo socialista à esquerda do PT que atraia esse movimento de ruptura com a Frente Popular. Caso contrário, distorcidamente, será a oposição de direita que irá capitalizar este processo.
Portanto, chamamos o voto nulo, porque o voto no PT, tanto em nível nacional como estadual, só servirá para desmoralizar os lutadores e socialistas, fortalecendo aqueles que irão atacar a classe trabalhadora depois da eleição e, principalmente, porque o apoio ao PT vai na contra-mão de um projeto socialista e revolucionário.
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