terça-feira, 4 de novembro de 2014
Mas afinal, por quê existe a possibilidade do PSDB voltar ao governo?
De fato existe uma grande polarização social no país, composta por dois grandes campos. Mesmo o resultado eleitoral do segundo turno estando em aberto, não é descartável a possibilidade do retorno do PSDB ao governo. Mas afinal por quê apesar dos “grandes avanços” nas áreas sociais as eleições chegaram a essa situação imprevisível? Como pode o PSDB, que impôs duros ataques aos trabalhadores na década de 90 e deixou o país mais dependente do capital internacional, se apresentar como alternativa?
A essência dessa resposta se passa por entender que PT e PSDB apresentaram, de conteúdo, políticas de sustentação à ordem econômica. As concessões dadas aos trabalhadores não chegam próximas aos privilégios dados aos grandes empresários. A grande bandeira do PT: o bolsa família, destina anualmente 24 bilhões de reais, já o “bolsa banqueiro” atinge anualmente 900 bilhões de reais.
O que é “investido” para os grandes bancos para pagamentos e amortização da dívida, é uma completa discrepância com o que é investido nas áreas sociais. A previsão de gastos com juros e amortização da dívida pública para 2014 é de 42%, enquanto o investimento para saúde fica em 4%, educação 3,5% e transporte 1%. Ou seja, primeiro o PT serve o banquete ao grande capital, e depois dá as migalhas aos trabalhadores.
Essa relação com os grandes empresários é reflexo do que se estabelece com os empresários nas eleições. Os patrões investem nas campanhas e depois cobram a conta dos governos. Nesse aspecto o PT vem passando por uma profunda metamorfose, do “Trabalhador vota em trabalhador” para a estreita relação com os grandes empresários, se igualando ao PSDB. Mais de 98% dos gastos dos 3 principais candidatos no primeiro turno, 500 milhões, veio de empresários.
Outro grande trunfo do governo, que é o surgimento da nova classe média, está baseada em duas políticas: o investimento de dinheiro público para redução de impostos das grandes empresas e a facilitação do crédito. O resultado é que a nova classe média se encontra completamente endividada, a parcela de brasileiros endividados cresceu em agosto, chegando a 63,3% da população. O índice de pessoas com dívidas ou contas atrasadas está em 19,2%, no terceiro mês de crescimento do percentual. O cartão de crédito foi apontado por 75,8% das famílias como seu principal tipo de dívida, em segundo lugar ficaram os carnês, informado por 17% dos entrevistados e, em terceiro lugar, o financiamento do carro, com 13,4% de inadimplentes.
Por outro lado, a taxa média de juros cobrada pelos bancos subiu pelo sétimo mês seguido, em julho, para 43,2% ao ano, segundo o Banco Central (BC) e atingiu o maior patamar desde que o BC começou a divulgar esses dados, em março de 2011. Quem ganha com isso são os bancos! Apesar de o BC ter interrompido o processo de alta dos juros básicos da economia em março e ter diminuído a taxa de captação de recursos, esta diminuição do custo não foi repassada para os consumidores. Ou seja, o spread bancário, que é a diferença entre o custo de captação que os bancos pagam e quanto ganham com os juros dos empréstimos ao consumidor, está maior. O spread bancário nos empréstimos para pessoas físicas estava em abril do ano passado em 25,4%, em junho deste ano chegou em 31,3%, passando para 31,7% em julho.
Outros temas igualam PSDB e PT, as privatizações. O governo do PT segue a política entreguista do PSDB, privatizando aeroportos, poços de petróleos e transformando a ECT em empresa S.A. As terceirizações seguem aumentando nas estatais: só na Petrobras a cada 1 trabalhador concursado existem 3 terceirizados. E, é claro, as estatais seguem como um grande cabide de emprego e ascensão de traidores.
Temas de combate às opressões também não os diferencia qualitativamente. A juventude negra segue sendo exterminada pela força policial. As mortes de LGBTs seguem altas, e Dilma, para agradar a bancada evangélica, vetou o kit anti homofobia para as escolas. Ainda, a lei Maria da Penha não reduziu a violência contra mulher, pois os investimentos para a efetivação desta seguiram baixos.
A bandeira da ética do PT também perdeu sentido, hoje governa junto com Collor, Sarney, Renan Calheiros e Maluf. Teve seu mensalão, assim como o PSDB. E segue cotidianamente envolvido em escândalos de corrupção. Mais um aspecto que mantém ambos os partidos muito parecidos.
Por essas questões, mesmo depois de tudo que o PSDB fez, existem parcelas significativas da população que querem derrotar o PT, acreditando ser necessário mudar e não percebendo que as mudanças não seriam drásticas.
Achamos que nosso papel é construir uma alternativa que unifique os trabalhadores, para avançar no caminho da transformação social e impeça que a direita capitalize os sentimentos de mudança.
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