Os desdobramentos
pós eleições sinalizam um fortalecimento da direita, esse fortalecimento está
intimamente relacionado ao crescimento da consciência mais conservadora no
país. A eleição do congresso mais conservador desde 64, o quase retorno do PSDB
à presidência da república e o fortalecimento eleitoral de políticos
reacionários como Bolsonaro, Feliciano e Malafaia são expressões desse momento.
Esse desenvolvimento da conjuntura faz parte dos desdobramentos de Junho de
2013, que ao não apresentar uma saída pela positiva, teve o desenvolvimento de alguns
elementos reacionários na conjuntura.
Dentro do campo da direita, setores mais reacionários
organizaram ações pelo retorno da ditadura militar. Essa possibilidade é quase
nula, por vários aspectos:
1) A conjuntura política que vive a Europa e EUA - que
obrigatoriamente deve ser um ponto de apoio para políticas dessa similaridade -
se encontra em um momento de instabilidade e lutas, combinado com um forte
sentimento anti-imperialista a partir da ocupação do Iraque.
2) Os setores que impulsionam essas manifestações são
completamente isolados politicamente, tanto da burguesia quanto do próprio
exército.
3) O governo do PT
não apresenta nenhuma ameaça aos setores do capital nacional e internacional.
Por isso achamos
um equívoco o raciocínio que alguns setores do movimento fazem a cerca de um
possível golpe da direita. A conjuntura mais à direita, que em nossa opinião
existe, se refletirá essencialmente na postura do próprio governo Dilma. Via de
regra, as instituições do Estado podem adotar variadas nuances em suas
características, refletindo a correlação de forças na sociedade. Por isso uma das principais expressões dessa
conjuntura na realidade será um governo mais à direita.
A futura
composição dos ministérios do segundo mandato de Dilma é uma clara demonstração
da postura do governo no próximo período. Atual presidenta da Confederação da
Agricultura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu é conhecida como “Miss Desmatamento”
ou “Rainha da Motosserra" será ministra da agricultura. Em 2013, ela
apresentou ao Senado a PEC 45, que
suspende processos demarcatórios de terras indígenas que incidem sobre
propriedades invadidas. Também foi relatora da MP da Grilagem (Medida Provisória
nº 458/2009), que legalizou a invasão de terras públicas na Amazônia
Legal.
Já na pasta do Ministério
da fazenda a proposta é que assuma Joaquin Levy, que deixa o posto de
diretor-superintendente do Bradesco Asset Management, braço de gestão de
recursos do Bradesco, para aplicar o receituário neoliberal na economia
brasileira.
Essa sinalização
política de Dilma se materializará em ataques aos trabalhadores. A própria CUT
apresentou a proposta de redução de salários e jornada em “eventuais” momentos
de crise, que segundo o presidente da CUT,
Vagner Freitas, seria uma “importação” do modelo europeu ou seja corte
nos direitos para garantir o lucro dos patrões. Mesmos com inúmeros incentivos
fiscais para grandes empresas querem colocar nas costas dos trabalhadores os
resultados negativos da economia.
Entendemos que
para enfrentar essa conjuntura é necessária uma profunda unidade dos setores
combativos do movimento. A existência de inúmeras centrais/agrupamentos
sindicais: CSP, Intersindical, Intersindical Vermelha, Unidos pra Lutar e
setores de oposição no interior da CUT, não contribui em nada para dar
respostas mínimas aos ataques dos empresários e governos, só contribui para uma
profunda fragmentação política do campo combativo.
Acreditamos que é preciso haver um processo de
convergência desses setores. Primeiramente com uma plenária nacional que aponte
um calendário de luta em comum, e que tire como indicativo um congresso para
retomar o debate de unificação aos dos campos combativos do movimento
sindical.
Só a unidade do
campo combativo, pode dar uma resposta à altura dos desafios do próximo período,
para barrar os ataques e avançar nas conquistas. Além de possibilitar uma
unidade mínima que quebre a polarização PSDB e PT. E que tire das mãos da
direita a luta contra a corrupção, tarefa que ela só defende de forma
oportunista, pois quando esteve no governo foi tão ou mais corrupta.
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